"Acorda, filha! Você perdeu a hora, mais uma vez! Ai meu Deus do céu, quando será que você vai criar juizo hein? Nunca conseguiu nada na vida, e agora deu pra acordar tarde!"
Era assim que ela acordava quase todo santo dia. Não estava tão atrasada assim: sabia que não tinha horário para entrar, e que isso trazia como consequência o não ter horário para sair, NUNCA! Mas sua mãe era muito rígida. Havia se acostumado ao regime de vida de um século passado, onde bater ponto e sair do serviço às 5 da tarde era tudo o que precisava ser feito. E que mãe que ama sua filha não quer que ela saia cedo do serviço, que chegue cedo em casa para ter o tão merecido descanso?
O que a mãe não entendia é que ela era feliz. Daquela maneira dela, com seus altos e baixos, mas ela era feliz.
Conseguia chegar no escritório pelas 9 da manhã, bem a tempo de tomar um suco de laranja rapidamente e sentar-se em frente ao computador, para começar uma das tarefas mais difíceis do dia: ler pelo ou menos 20 e-mails de pessoas completamente furiosas... veja bem, não necessariamente furiosas com aquele mesmo serviço de sempre prestado por aquela empresa. Provavelmente eram pessoas que tinham necessidade de se sentir no poder, ou por alguma frustração, ou por pura sacanagem mesmo. Mas mesmo assim, ela sentia algo semelhante a conforto, lá no fundo do peito. Uma certa sensação de dever cumprido, ao saber que havia ajudado mais alguma pessoa a poder viver bem e desempenhar seu papel na sociedade.
Tendo já como certa aquela sensação de conforto e bem estar, ela achava que aquela vida rotineira era tudo o que precisava, que era suficiente...
Bem... não era!!! (to be continued)
[VIII] - I feel ergo sum
Há 11 anos
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