"Eles dizem que o seu cabelo é sujo, que o seu cheiro é forte, que você não sabe a diferença entre o certo e o errado e que você colocou suas patas imundas nas nádegas das amigas de Mary Anne. Por absoluto desarranjo orgânico-fisiológico passa o dia de Ação de Graças comendo amendoim japonês, tomando groselha e urinando na piscina oval da casa de campo de John Pitsburg em Detroit. Sempre vão existir babacas em Detroit. Groselhas, chinelos, piqueniques com sanduíche de mortadela e toalha quadriculada num domingo ensolarado às sete da manhã. A limonada um tanto quanto azeda do cozinheiro gago de tia Morgan. Aquele gostinho de cangambá no céu da boca. A vizinha xingando o marido de bicha, babando e batendo no batente da porta de madeira de lei na entrada da casa do sítio de um genro íntimo do especialista em afrodisíacos dietéticos do tecladista albino da Madonna cover. Sempre vão existir albinos, bexigas, passeatas contra o extermínio da formiga uirapuru das matas ao leste da fazenda de plantação de quiabo de Mr. McBerry. Sempre vão existir vovôs, minhocas, grunges com camisas de flanela xadrez amarradas na cintura, devorando um hot dog, fumando e coçando em frente à saída da garagem do hotel da Madonna cover. Sempre vão existir transformistas mambembes discursando sobre a influência de Júpiter no movimento neodadaísta iniciado por um ermitão surdo e viciado em groselha. Sempre vão existir anormais e desequilibrados que não dizem coisa com coisa, não respiram e não conseguem parar de falar. E foi então que eu pensei, levantei e abri minha Caca-Cola. Espera aí, pô. Eu tinha pedido tubaína. Tubaína. Sempre tubaína"
[VIII] - I feel ergo sum
Há 11 anos